BRASIL E PORTUGAL NO SÉCULO XVII
O FILME “A
MISSÃO”
É
um momento, por volta de 1750. onde os Padres da Companhia de Jesus, “os
Jesuítas”, tentam desenvolver no sul do Continente americano um sistema de
catequização e proteção dos indígenas. No caso entre os seguintes países:
Brasil, Paraguai e Argentina.
O
filme e dirigido por Rolland Joffé, com roteiro de Robert Bolt, o filme “A
Missão” (1986) trata sobre os conflitos que envolveram os jesuítas, as Coroas
Ibéricas e com o Papa, culminando na expulsão dos primeiros em meados do século
XVIII. O palco é a região de Sete Povos das Missões, disputada por espanhóis e
portugueses, mas que com a assinatura do Tratado de Madrid (1750), foi
finalmente reconhecida como possessão lusitana. O protagonista, um violento
mercador de escravos, entra para a Ordem dos jesuítas como uma forma de se
redimir dos seus pecados (ele matara seu irmão por um crime passional). Assim,
de um carrasco, ele se torna um defensor dos índios contra os colonos sedentos
por lucros, e contra os interesses das Coroas Ibéricas que começaram a ver nos
missionários um grande inconveniente.
Embora
tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram
como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da
Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários,
pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos, o que é conhecido
como regime de padroado. Na análise de Darcy
Ribeiro em As Américas e a civilização, as missões
caracterizaram-se como a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para
cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de
absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores
europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua
subsistência e seu progresso. Darcy também cunha a expressão Império
mercantil salvacionista, para marcar a ideia de que as possessões
ibéricas no Novo Mundo se constituirão como proletariado externo de caráter
dependente, ligado à dominação no âmbito cultural/simbólico/religioso que
impunha a doutrina cristã sob a máscara da “salvação” dos índios pelos
jesuítas.
É
portanto a partir da união entre Estado nacional e Igreja católica que vai se
efetivar a colonização no Novo Mundo, substanciado no regime do padroado.
Porém, com as novas ideias iluministas que irão marcar todo o século XVIII,
esse estado de coisas entrará em crise, uma vez que um dos alvos de maior
crítica era exatamente o tradicionalismo católico e a irracionalidade da ordem
absolutista. A ascensão de Pombal em Portugal acelerou ainda mais esse
processo, e em 1759, os jesuítas são expulsos do Brasil. Porém, aos índios nada
melhorou, pois muitos deles já estavam aculturados e desculturados pelas
próprias missões jesuíticas. Além disso, eles ainda ficavam totalmente expostos
aos colonos, cujo objetivo não era “salvar”, mas “escravizar” os nativos.
Apoio bibliográfico: https://historiativanet.wordpress.com – José Marcelino – Professor de História - jms/JMS