Capitalismo

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

CRÔNICA DA BOLA I


ANTES DO FIM DO MUNDO
           
            A poucos instantes do início da monumental partida protagonizada pelos exímios atletas do NREAM-SUL/Multimeios/Portal, o ardiloso Fabião urdia sua trama diabólica: roubaria o Fabinho no par-ou-ímpar e escolheria para seu time todos os melhores jogadores (mais novos, mais rápidos, mais habilidosos, com menos barriga de chopp, menos esposas, menos pontes de safena e menos rupturas do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo). Não adiantou. Na primeira disputa de bola o zagueirão Carlos mostrou com quantas planilhas se faz uma Coordenação de Apoio Financeiro – após uma voadora muito bem aplicada no peito do adversário tratou de aplicar-lhe um belo tapa-nas-ventas. Coisas do jogo, sem qualquer intenção (esperamos que o corajoso atleta Cléber também pense assim, mesmo depois de passar o resto da partida incomodado pelos sintomas de labirinto, náuseas e visão turva).
            Sem goleiro, o time dos “véios” tentava em vão abrir uma vantagem de gols que pudesse nos dar a devida tranquilidade na metade final da peleja, o que se descortinou como tarefa inglória na medida em que o jovial time adversário encontrava na figura do estagiário “Robinho” uma excelente distribuição de bola, ao mesmo tempo em que o experiente goleiro Fabião (vulgo “grande mestre ninja-zen do corpo fechado”) tornava difícil nossa tarefa de empurrar a pelota para o fundo das redes por meio de defesas incríveis, impossíveis, inimagináveis, fantásticas, rabudas, de peito, de ombro, de pernas, defesas que Tafarel não fez. Era preciso um milagre.
            Lá pelas tantas eis que surge um entrosamento perfeito: Newtão e Zé Paulo dão tratos à bola de maneira surpreendente, envolvendo o inimigo para deixar o matador Marcelino (vulgo Romarinho) à vontade para infernizar a vida do pobre Tiago que tentava a todo custo protocolar um pedido de descanso. Fabinho corria o que podia e Carlos batia o quanto era preciso. O jogo esquentava, Robinho driblava, Cleber tentava, Tiago suava, Marlos se desesperava. Numa medida desesperada, o pequenino engenheiro arrojou-se ao gol. Esperava conter a derrota iminente liberando o Fabião para liderar a meia cancha, controlar a zaga, debater-se no ataque, se bater contra o alambrado. E foi assim que caíram na armadilha. Num lançamento primoroso de Fabizélia (vulgo Zélio), Fabinho dominou no peito e tocou num calcanhar meio que de “sem querer”; a bola balançou o capim sintético no fundo do gol, não sem antes ultrapassar as pernas abertas do indefeso goleiro que nessas alturas estava amaldiçoando a displicência de Tiaguinho, cuja maior preocupação no lance não era isolar a gorducha para onde o bico da ponta da chuteira apontasse, mas protocolar um pedido de skol geladinha.
            No último lance fortuito dessa emocionante partida, Zélio mandou o sarrafo de longe, muito longe, longe mesmo, encobrindo um goleiro que nessas alturas ninguém nem mais sabia quem era. Entre mortos e feridos salvaram-se quase todos (pelo menos os que não ousaram se atravessar no caminho de Carlos, o intransponível. Abraços à todos e até a próxima sexta-feira de bola e berejas.

Bibliografia do autor
- Fabinho
- Filosofo por descuido
- Jogador de futebol por peserverância
- Amiguinho de todos nós
- Um rapazinho bem bacaninha

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